Cotidiano na Civilização
Se pudesse definir o primeiro impacto..
Seria como multiplicar o numero de habitantes de uma cidade, melhor, seria como elevar a décima potência a quantidade demográfica da sua cidade. E você ali, vendo tudo diferente, com tantos pontos de interrogação na cabeça, quanto pessoas na rua.
Foi assim que me senti ao pisar como morador nessa colméia de seres humanos, vulgo Rio de Janeiro.
Tentarei passar as experiências vividas aqui nesses breves relatos, às vezes cômicos e geralmente trágicos.
Missão 01:
Pegar ônibus.
Ok.. Moradia definida, mudança instalada, faculdade transferida e emprego certo. Tudo pronto, exceto a locomoção. Por incrível que pareça nesse tipo de cidade andar a pé é algo muito comum. Sim, comum na lembrança, coisas que pessoas lembram-se de seus avós ou bisavós fazendo. As distancias são inversamente proporcionais ao que nossos olhos veem (viu, ta sem acento, reforma ortográfica =]). Tudo aquilo que parece perto, não é! E aquilo que imaginamos ser hiper distante, vamos de carro em 10 min.
Pois bem, problema diagnosticado, rumo à solução! Como se pega ônibus no Rio de Janeiro?
Para ir para o trabalho é simples, ele fica cerca de 4 km da minha casa em linha reta. QUASE sem erro. Apenas um em cada 10 ônibus que passam na entrada do condomínio onde moro não passa na empresa, ou seja, dá pra contar com a sorte!
Mas para voltar da faculdade?
A primeira resposta que recebi de algum carioca (in)experiente foi:
- Veja o nome do ônibus que você pega para ir para o trabalho, e pegue ele na volta.
Simples demais né?! Pois é, altamente desconfiável. Quando é simples demais pode desconfiar.
Pego para ir para o trabalho o ônibus CASCADURA, nem sei onde fica isso, mas como ele ta sempre vazio, e passa onde eu trabalho podemos chamá-lo de perfeito. Pronto, passou no sentido contrário, obviamente vai passar na minha casa. ERRADO!
Dentro do ônibus descobri que naquele momento estava indo rumo a Cascadura (sabe-se lá onde fica isso), desci e voltei uns 800 metros a pé até onde eu conhecia e voltei a pedir informação.
Resposta 2:
- Esqueça os nomes dos letreiros, aqui funciona pelos números.
Ok! Entendi, para minha casa devo pegar o 179!
Fim de expediente, pronto para voltar para casa, rumo ao ponto de ônibus. Olha ele ali, o 179! Cerca de uma hora depois chego à Central do Brasil no centro da cidade somente 25 km da minha casa.
Vamos aos fatos: Existem no mínimo três linhas 179 - Central, Alvorada e Recreio. No meu caso, apenas uma serviria.
Como diz uma pessoa especial:
A PRÁTICA EXAUSTIVA LEVA À PERFEIÇÃO
Foi difícil, mas aprendi e criei um tutorial de como pegar ônibus no Rio de Janeiro. Tome nota:
No ponto de ônibus, procure identificar o seu o quanto antes.
(Você é míope? siferroll)
Olhe o número e corresponda com o nome. Se estiver ok passe para a próxima linha.
Veja o valor da tarifa, ainda não consegui definir o número certo de tarifas diferentes, mas são mais de três com certeza. Não pague mais caro sem motivos.
Após isso, faça sinal até que o motorista ligue o pisca identificando que irá encostar-se à calçada que você se encontra, se o pisca não ligar, ele está fingindo que não está te vendo. Insista!
Agora corra, corra como se não houvesse amanhã, corra como se o Godzilla estivesse atrás de você. Motoristas cariocas param o mais longe possível de onde está o passageiro, e o detalhe é que ele não espera você chegar ao ônibus. Eles vão embora, sim é experiência de causa, eles não esperam!
Você conseguiu? Parabéns. Você embarcou e está rumo ao seu destino. Você faz parte do núcleo de vencedores e sobreviventes da Missão pegar ônibus.
No próximo post continuo com meu diário de bordo dessa viagem sem tempo certo de duração e conto como sobrevivi depois de aprender a pegar ônibus na cidade onde tudo acaba em samba, caipirinha e futebol.
Até mais.
Perfil...
Jornalista por formação.
Nasci em Petrópolis no Rio de Janeiro, mas fui criado no Rio Grande do Sul quase que a vida toda.
Sou do signo de humorista com ascendente em Windows, mas tenho uma lua em Macintosh e parece que eu tenho uma mandioca atravessada na minha casa afetiva e profissional, ou algo assim.
Como muita gente, comecei minha carreira com uma mão na frente e outra atrás. Só que por força do trabalho, eu tive que tirar as duas mãos, a da frente e a de trás, e colocar sobre o teclado. No fim deu tudo certo.
Sou semi-casado, muito bem amado e que ama bastante também.
Passo o dia todo na frente do PC, personal computer, e quando chego em casa, geralmente, fico na frente DA PC. Pia da cozinha.
Já trabalhei em pequenas, porém grandes, emissoras do interior do Rio Grande do Sul, na frente, atrás e embaixo das câmeras. Já apresentei programas em afiliadas Record, SBT, Canais à Cabo e TVs universitárias. Atualmente moro no Rio de Janeiro e tento entender como funciona o cotidiano nessa colméia de seres humanos.
E sim, tento alimentar esse blog também, que possui o privilégio de interagir com pessoas totalmente alfabetizadas, o que pra mim é uma surpresa.
Digito sem olhar no teclado, e erro mais se estiver olhando. Eu sei cortar pizza em 13, 17 e outros números primos de pedaços. Sei somar e multiplicar sem calculadora e posso demonstrar isso ao vivo se for o caso.
Sou autodidata, digo isso, pois desenvolvi um método pessoal de comer pastel de feira sem queimar a boca, posso mandar um vídeo sobre isso.
Sou muito famoso por ser 100% anônimo, e também sou muito anônimo para ser uma celebridade.
Pelos padrões de pobreza do Brasil eu sou rico e pelos padrões de riqueza dos ricos do Brasil sou considerado pobre. No momento estou um pouco gordo para ser alguém magro, mas também convenhamos, sou um cara muito magro para ser um obeso mórbido.
Se tiver alguma dúvida mande um e-mail, será um prazer atendê-lo.
Texto de autoria da Jornalista Rosana Hermann, ligeiramente adaptado.
AHSUAHSUASUASUHASUHAS
Pra quem pega ônibus perto da Central isso tudo é mesmo verdade. rs.
O ponto final do ônibus que pego pra ir e voltar do trabalho tb é em Cascadura (e eu sei exatamente onde fica. rá!).
Querendo dicas, é só chamar. HAHA
HAHAHAH! É um inferno, mesmo, nem ne fala!
Ah! Já que me expus à chuva, terei que me molhar. Estou-me preparando à falência, mas creio ser por um bom motivo. Quero muitas pessoas irmanadas na iniciativa. Creio que valerá a pena.
Excelente texto! Vi-me nele. Abraço!
Definitivamente não me acostumaria com o Rio. Em SP já é tudo tão complexo. :S
Caraca , será que todos passam por isso???
kkkkkk
comigo foi igual
nao sabia se seguia o numero ou o letreiro kkk
HAUIEHAUIUIEHAUIHEIAHIUEHA!
Caraca, você escreve cheio de humor negro. Adoro textos desse tipo.
E, hey, Cascadura fica perto daqui de casa! Heauiheiaheuahea! E de fato, pegar ônibus no Rio é um inferno. Bem-vindo ao caos do transporte público do Hell de Janeiro. =]
HAUIEHAUIUIEHAUIHEIAHIUEHA!
Caraca, você escreve cheio de humor negro. Adoro textos desse tipo.
E, hey, Cascadura fica perto daqui de casa! Heauiheiaheuahea! E de fato, pegar ônibus no Rio é um inferno. Bem-vindo ao caos do transporte público do Hell de Janeiro. =]